Uma vida apenas é pouco
- Sinds-UFSJ
- 30 de set
- 2 min de leitura

Hoje o Sinds amanheceu menor. Há silêncios espalhados pelos corredores, há cores que parecem ter se apagado, há brilhos que insistem em não acender. Falta-nos o riso solto, a irreverência sempre criativa, a presença vibrante que Mark espalhava em cada gesto.
Porque Mark não era apenas colega de trabalho. Não era apenas diretor, companheiro de lutas, figura presente em nossas reuniões e decisões. Ele era um universo inteiro que caminhava entre nós — e que, de repente, parece ter se recolhido para outro lugar.
TAE da UFSJ, Mark tinha um dom raro: enxergar o que ninguém mais via. Quando muitos se detinham em problemas, ele inventava soluções; quando o mundo levantava barreiras, ele encontrava caminhos; quando tudo parecia árido, ele fazia brotar possibilidades. Sua mente era laboratório e oficina, era palco e biblioteca, era espaço de invenções tecnológicas quase mágicas, sempre a serviço da coletividade.
Mas Mark não cabia em uma única definição. Era artista de mil faces: escritor capaz de bordar palavras com delicadeza e força; palhaço que arrancava riso até em dias cinzentos; criador que transitava entre a seriedade da luta e a leveza do brincar. Pai amoroso, multiplicava afeto e ensinava, com sua própria vida, que cuidado é também uma forma de resistência.
E no sindicato, Mark foi coragem. Na greve, esteve inteiro. Na comunicação, foi genial. Na direção, generoso e comprometido. Sempre com a firmeza de quem acreditava que a justiça social não é uma utopia distante, mas uma tarefa urgente e cotidiana.
Sua presença deixava marcas. Não por acaso, tudo o que tocava parecia carregar um pouco de sua energia: uma ideia ousada, um projeto ousado, um gesto de solidariedade. Com Mark, nada era pequeno. Tudo ganhava densidade e sentido.
Agora, diante de sua ausência, resta-nos aprender a lidar com o vazio. Mas a saudade, teimosa como sempre, tem a força de transformar ausência em presença. Ela aparece no detalhe de uma lembrança, no eco de uma gargalhada, na memória de uma ideia brilhante. E assim vamos descobrindo que Mark não se foi por completo: ele permanece nos rastros que deixou, nas marcas que gravou, nos caminhos que abriu.
E se a vida parece curta demais, pueril até, talvez seja porque seres como ele não cabem em uma só existência. Como ele mesmo escreveu, em um de seus lampejos de lucidez que tanto nos impressionavam:
"Uma vida apenas é muito pouco."
Sim, Mark. Uma vida só é pouco demais para conter tudo o que você foi, tudo o que representou, tudo o que deixou.
E assim seguimos. Carregando em nós a sua memória, reinventando, no meio da dor, formas de eternizar sua presença. Porque você vive em muitas vidas: na que teve, nas que deixou em nós e nas que ainda vamos inventar inspirados pela sua.
E se hoje o Sinds amanheceu menor, hoje ele também amanhece mais forte — porque carrega a certeza de que um pedaço de você continuará vivendo em cada um de nós.




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